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O fim do automobilismo! Será mesmo?

  • Léo Bussinger
  • 31 de jul. de 2017
  • 4 min de leitura

Essa semana pipocou nas mídias algumas notícias que representam uma mudança de paradigma importante no que se refere à automóvel e o automobilismo. A Porsche anunciou que não correrá mais o WEC e, assim como fizeram Mercedes, Audi e BMW, migrará para a Fórmula E. Além disso, a revista alemã Der Spiegel publicou recentemente uma denúncia de que montadoras alemãs teriam formado cartel, o que motivou o início de uma investigação por parte das autoridades alemãs.


Tá bom, mas o que as duas coisas tem a ver uma com a outra?


Com o mainstream ambientalista atual de redução de emissões, energia limpa e todas demais ações para conservação do meio-ambiente, uma coisa sai perdendo - e muito - com esses últimos acontecimento:


O carro como o conhecemos. Aquele que anda graças à um motor de combustão interna, que queima combustível e emite gases poluentes, que precisa de um motorista para fazer andar e é, na absoluta maioria dos casos, de uso individual e vez ou outra compartilhado com um ou mais caronas.


E, certamente, vem a pergunta: Por que achas isso, Léo? Vamos lá. Como bem notou o Flávio Gomes em seu blog, hoje o carro é encarado como um meio de ir de A até B. Repare que esse foi o motivo pelo qual foi criado e ele nunca deixou de ser tal coisa. A questão é, que desde que o primeiro foi inventado, ele passou a significar para muitas pessoas muito mais do que um simples meio de transporte. Aquilo que era pra ser só uma máquina fria e responsável por facilitar nossas vidas acabou arrebatando corações; Corações como o meu e - provavelmente - o seu que investimos tempo de nossas vidas nos dedicando à isso.


Mas hoje somos minoria. Talvez sempre fomos, mas o andar da tecnologia nos permitiu, durante muito tempo, curtir essa paixão sem nos preocupar com nada além do que se tem gasolina suficiente no tanque.


Hoje o papo mudou. Serviços de compartilhamento de carros, carros autônomos (argh), Uber, Cabify, tudo caminha para que se locomover esteja apenas à um toque no touchscreen de distância. Mas aí eu lhe pergunto: será mesmo? A realidade é tão dura assim, cara? Seremos proibidos - como alguns lugares da europa já querem - de andar com nossos carros queimadores de petróleo nas ruas? Será?


Sinceramente, tenho minhas ressalvas.


Não consigo acreditar que haverá, de fato, uma realidade na qual não poderei exercer meu direito de andar no carro que eu quiser. Não consigo, de verdade, acreditar que toda a sociedade abaixará a cabeça


para um autoritarismo desse porte que ocorrerá em nome de "um bem maior", típico dos regimes totalitaristas escritos por Orwell. A liberdade há de prevalecer, acredito nisso e sou um de seus defensores.


Além disso, há outro fator muito importante nessa jogada: a individualidade que o automóvel proporciona. Quantos no mundo preferem ter seu carro pra saírem com quem quiserem e pra onde bem entenderem sem precisar de um terceiro guiando o carro? "Ah, mas o carro autônomo será a saída para esses!". Pode ser, é verdade. Mas sejamos sinceros: É mais legal, "cool", divertido e excitante ter a direção de uma máquina na ponta dos dedos ou simplesmente sentar e ser levado? Trazendo pra uma realidade mais próxima, me respondam: Quem vai de Uber pra algum passeio distante de fim de semana se pode ir no próprio carro? O que cativa mais: ser o direto controlador do seu destino ou depender da anuência de uma máquina pra escolher aonde ir? Pode parecer tosco, mas é um fator importante que não podemos ser hipócritas e desconsiderar. O carro - e a moto - mexem e sempre vão mexer com nosso imaginário por isso, principalmente nos mais jovens que tem a necessidade de liberdade e individualidade tão aflorada.


Nesse sentido, acredito realmente que todas essas novidades e mudanças afetarão com bem mais força o transporte dentro das grandes metrópoles, abraçando a galera que só usa carro na cidade por que é mais rápido e não por que gosta. O resultado é que quem quiser andar no seu carrinho queimador de petróleo vai ter seu espaço compartilhado com o cidadão ao lado que prefere ser levado por um robô. Devemos lembrar que quem não gosta de dirigir não o fará se não for preciso e ponto! Não é necessário lei proibindo carro comum na rua para que eles diminuam naturalmente de número à medida que mais elétricos/autônomos forem oferecidos, tal como não foi preciso uma lei pra fazer com que as pessoas deixassem de usar cavalos pra irem de A até B e passassem à andar de carros e motos. Esse tipo de coisa é uma transição natural e que, pela preservação da liberdade de todos, não pode ter intervenção estatal. Assim como andar de Uber é preterido do que andar de táxi comum, usar o Google do que ir à Biblioteca, abrir um site de notícias do que ir na banca comprar o jornal... Não precisou o Estado dizer o que era o mais indicado, a liberdade individual fez o seu trabalho de seleção do que prosperará.


Finalmente, havendo o irrestrito respeito às nossas diferentes vontades e ao nosso direito inato de liberdade individual, ninguém vai sair prejudicado. As coisas serão diferentes de como são hoje, é fato e é o natural. Com o mercado e a sociedade livres, sem proibições estatais, os carros queimadores de combustível deverão ser o que o vinil é hoje pro mercado musical; só tem e usa quem gosta não só de ouvir a música, mas de toda a experiência que ele proporciona. Para quem não se importa com isso, teremos os elétricos/autônomos da mesma maneira que temos o Spotify.


Até por que Deus me livre um mundo aonde meu FIASA não possa roncar alto pelo Kadron...


Um abraço e saudações carburantes.


 
 
 

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Criado e editado por Leonardo Bussinger F.
Rio de Janeiro - RJ

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